02/04/2013

Coreia do Sul X Coreia do Norte


A situação é cada vez mais tensa entre as Coreias. Após uma investigação internacional, a Coreia do Sul acusou formalmente a Coreia do Norte, na quinta-feira (20), de atacar com um torpedo um navio de sua Marinha em março.

Ahistória estorou na terça-feira (25), o regime de Pyongyang anunciou o corte de todas as relações com o Sul, expulsou funcionários do complexo industrial de Kaesong, que simbolizava a parceria entre as duas nações, e ameaçou ataques militares caso Seul cruze a fronteira marítima com o Norte.O governo sul-coreano retaliou com a retomada da propaganda psicológica na área fronteiriça e também ameaçou ataques militares contra o Norte, além de dar início a exercícios militares que podem contar com apoio das tropas norte-americanas baseadas no país. A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, viajou para Seul na quarta-feira (26) e pediu "reações duras" da comunidade internacional contra a Coreia do Norte, além de reiterar "total apoio" a Seul, incluindo possíveis pedidos de sanções no Conselho de Segurança da ONU.


O afundamento da corveta de 1.200 toneladas, perto da fronteira marítima com a Coreia do Norte, provocou a morte de 46 dos 104 marinheiros sul-coreanos. Foi o incidente mais grave ocorrido na disputada fronteira marítima do mar Amarelo entre as duas Coreias desde o cessar-fogo entre as duas nações, em 1953. O presidente sul-coreano, Lee Myung-bak, pressiona a comunidade internacional por novas sanções contra a Coreia do Norte. O regime de Kim Jong-il, por sua vez, respondeu com o rompimento das relações com Seul.

Diferentemente da guerra das Coreias dos anos 1950, um conflito hoje teria proporções muito maiores, até porque envolveria as duas grandes potências mundiais --EUA e China--, na opinião de Heni Ozi Cukier, professor de Relações Internacionais da ESPM e especialista em resolução de conflitos internacionais. Para o analista, o risco de ocorrer uma guerra na Península Coreana não é alto, mas há uma chance e isso exige cautela. Afinal, trata-se de uma zona altamente militarizada e qualquer deslize --seja da Coreia do Sul, que demonstra não querer uma guerra, seja da Coreia do Norte, "peão político no xadrez da China"-- poderia gerar um conflito de escalada muito rápida, afirma Cukier, que já trabalhou no Conselho de Segurança da ONU e na OEA (Organização dos Estados Americanos).

Oficialmente, a Coreia do Sul e a Coreia (do Norte) ainda estão em guerra, porque ambas assinaram apenas um armistício em 1953. Isso simboliza o alto nível de mobilização militar que existe entre os dois países. É a zona mais militarizada do mundo, pode-se dizer. Isso cria uma situação muito frágil, muito tensa, em que qualquer deslize pode levar a uma guerra de proporções enormes. Um disparo errado numa situação de mobilização nesse nível automaticamente leva a uma escalada da violência muito rápida, diferentemente de outros conflitos, onde uma ação demora a ter uma reação e em que há tempo para se dialogar.


Cukier disse também que a Córeia do Sul demonstra estar disposta a encontrar soluções alternativas para o confronto, "A Coreia do Sul imediatamente veio a público, criou um grupo de investigações internacionais, e pediu que houvesse punição da comunidade internacional ao ataque da Coreia do Norte. Também indicou que cortaria laços comerciais e de ajuda financeira. Todas as posturas foram no campo de não uso da força, mas sim pressão diplomática e econômica." diz Culkier.

 Por outro lado, as atitudes da Coreia do Norte não levam a crer que o país não queira a guerra: está sempre com ações provocativas, atitudes belicosas, declarações agressivas, buscando aumentar seu poderio bélico, construindo armas atômicas. No fundo, a guerra pode ser perigosa para o regime da Coreia do Norte, pode encerrar o regime de Kim Jong-il, mas essa mobilização do pré-guerra também ajuda a dar força para ele, pois é um país que tem extremos problemas internos. Ele mantém a ordem e o pulso firme no comando do país baseado na ameaça do inimigo externo, que serve para unificar o país em torno dele e minimizar os problemas internos causados com sua gestão. 

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